quarta-feira

Ribeirinho Leal não é comendador de coisa alguma!

D. Duarte de Bragança tem bens penhorados


quinta-feira

Revista Sábado desmascara a falsa ordem de s. miguel da ala


Por fim a decisão judicial.
Não tem existência jurídica a tal ordem de s. miguel da ala.
Logo não há comendadores da ordem de s. miguel da ala e Ribeirinho Leal é um falso comendador.

quarta-feira

Taça «Comendador» Ribeirinho Leal

Não tem decoro Ribeirinho Leal!
Agora ofereceu uma taça com o nome Taça «Comendador» Ribeirinho Leal.
Mas como se sabe Ribeirinho Leal não é comendador de coisa alguma.
Agradece-se ao jornal Alto Alentejo a possibilidade de se saber mais uma mentira do plagiador Ribeirinho Leal.
A Junta de Freguesia de Cabeço de Vide foi informada da mentira de Ribeirinho Leal em sessão pública, tendo-se mostrado indignada com o descaramento do falso comendador e plagiador.

quinta-feira

10 segundos de fama para Ribeirinho Leal



No dia 17 de Abril de 2010 Ribeirinho Leal teve 10 segundos de fama.
Num filme feito pela Rádio Portalegre Ribeirinho Leal tem duas aparições de 5 segundos cada.
Primeira entre 1:49 e 1:54.
Segunda entre 2:21 e 2:26.
Há uma outra semi-aparição antes destas entre 1:23 e1:32, onde apenas se reconhece o corpo de Ribeirinho Leal, enquanto falava para o microfone a presença assídua no programa Discos Pedidos da Rádio Portalegre Maria José Brasileira de Gafete a quem chamam Camisola Amarela que apareceu vestida a rigor.
Ribeirinho Leal levava vestido o mesmo fato, camisa e gravata que levou na apresentação do Livro Plágio “Motivos Alentejanos” no Centro de Congressos da Câmara Municipal de Portalegre.
No espaço 1:49 a 1:54 aparece a falar com São Neto tendo à sua direita Ana Telo, duas conhecidas animadoras radialistas.
No espaço 2:21 a 2:26 aparece hilariante a dançar com Maria José de Gafete a quem chama Camisola Amarela que apareceu vestida a rigor. É notória a preocupação de Ribeirinho Leal em mostrar a sua alva dentadura postiça.
Agora no You Tube o filme mostra Ribeirinho Leal no seu meio.

Manuel Ferreira Patrício cúmplice de Ribeirinho Leal

Uma afirmação que merece confirmação ou negação. O prestígio do Doutor Manuel Ferreira Patrício exige-o!
Fotografia
http://www.jornalfontenova.com/main.asp?pag=noticia.asp&artigo=10&menu=1&cod_menu=101&ss=1647

O Ex. Reitor da Universidade de Évora, Doutor Manuel Ferreira Patrício, sabia que o livro ‘Motivos Alentejanos’ era um Plágio do livro ‘Ganharias’ de José Alves Capela e Silva e do livro ‘Através dos Campos’ de José da Silva Picão? Fotografia
O docente José Manuel da Costa Coelho sabia que Ribeirinho Leal cometera Plágio. E o docente José Manuel da Costa Coelho é o elo de ligação do ex-Reitor da Universidade de Évora Doutor Manuel Ferreira Patrício nesta vinda a Portalegre.

O docente José Manuel da Costa Coelho não avisou o ex-Reitor da Universidade de Évora do que se passava?
Se o não fez, colocou o Doutor Manuel Ferreira Patrício numa situação bastante incómoda, o de CÚMPLICE do PLÁGIO de Ribeirinho Leal. O que é grave para o prestígio científico e académico do Doutor Manuel Ferreira Patrício!
Também é grave para o prestígio da Universidade de Évora!

Dado a gravidade dos factos, o Doutor Manuel Ferreira Patrício certamente a devido tempo explicará o que realmente se passou!

quarta-feira

Ribeirinho Leal Plagia-se a si próprio!

Clicando nas fotografias é possível ler as duas páginas dos dois livros de Ribeirinho Leal.
Ambas pertencem a um capítulo com o mesmo nome A Alimentação, em livros diferentes.
Ribeirinho Leal copiou das Achegas para a Monografia de CABEÇO DE VIDE para Motivos Alentejanos.

Ribeirinho Leal PLAGIOU-SE A SI PRÓPRIO!!!



Página de Achegas para a Monografia de CABEÇO DE VIDE




Página de Motivos Alentejanos

terça-feira

Erro de palmatória de Ribeirinho Leal

Se tivesse existido um critério cuidado, atento e assente em princípios minimamente académicos, não se chegaria ao ponto de fazer uma citação (?) como aquela que ocorre na página 101 da 1ª edição dos Motivos Alentejanos (página 83 da 2ª edição) onde se refere uma obra de Carlos Bento da Maia, Tratado de Cozinha e Sopa que, na verdade, se intitula Tratado de Cozinha e Copa, publicada nos princípios do século vinte e com outras edições bem mais próximas de nós. Curiosamente, esta imprecisão também aparece numa outra obra de Ribeirinho Leal, Achegas para a Monografia de Cabeço de Vide (2ª edição, página 125), onde o autor faz a mesmíssima citação (?).

FONTE
http://emportalegreplagio.blogspot.com/2009/06/neto-de-capela-e-silva-prova-plagio.html


Página dos Motivos Alentejanos

Página das Achegas para a Monografia de Cabeço de Vide

O LIVRO DE CARLOS BENTO DA MAIA

"COPA" e não "SOPA"!

quinta-feira

Nuno Folgado desmascara Plágio de Ribeirinho Leal

'Neste DP, poderá ainda ler uma carta ao Director, enviada por um "ouvinte" deste jornal, que publicamos para que não faltem aos leitores os elementos necessários para as suas próprias conclusões, mas certos de que pouco acrescenta à notícia e que em nada desmente o seu conteúdo.'
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EDITORIAL
PRETO NO BRANCO
Depois de urna semana sem DP, depois das eleições e seu rescaldo, depois de uma semana de feriados e festas populares, depois de o Ronaldo ler sido contraindo por 93 milhões de euro, voltamos às bancas.
Da selecção do que aconteceu durante estes quinze dias ressaltam as eleições e as respectivas reacções às vitórias e derrotas, relativas ou absolutas. No rescaldo dos resultados, apareceram críticas aos meios de comunicação social locais, segundo as quais, estes não teriam contribuído para que a abstenção não fosse tão alta como se verificou. Ninguém é bom juiz em causa própria, mas, com os poucos meios de que dispomos, consideramos que demos o contributo possível e, d longe, melhor do que o dos principais protagonistas, que com a mistura de temas e a pouca clareza das perspectivas, afastaram mais do que aproximaram.
À escala citadina, e por falta de actividade política que nos catapulte, como acontece há meses, noutras cidades e vilas, para as lides eleitorais autárquicas ou legislativas que tirem protagonismo ao que demais houver, as festas populares aconteceram e muito bem. Resultado da iniciativa dos comerciantes e de algumas associações de bem-fazer, a cidade fervilhou e provou-se que a zona comercial mais nobre da cidade não está irremediavelmente perdida, basta que haja lojas abertas e pequenas atracções para que os portalegrenses inundem um espaço que, durante os serões e fins-de-semana, mais parece uma zona abandonada. Nem a crise tirou entusiasmo, brilho ou cheiro de outras tradições aos festejos de Santo António, padroeiro da Cidade, que reproduziram, em cada recanto ou largo, ambientes que mais faziam lembrar relatos do tempo em que todos se conheciam e em que este tipo de festas eram marcas estruturantes no tempo e no espaço de cada um.
Um V&V volumoso dá nota do frenesim que se vive nas paróquias da Diocese. Tempo de avaliação e projecto, o fim do Ano Pastoral, e as actividades que lhe dão corpo nos mais diversos sectores, dá mostras de uma vida que, durante alguns períodos, parece escondida e que agora ressurge num florir constante de acções vibrantes de alegria e entusiasmo.
A perspectivação do próximo ano pastoral, proclamado por Bento XVI como "Ano Sacerdotal", e dedicado, por D. Antonino, a preparar um "Sínodo Diocesano", faz-nos levantar os olhos e lembrar que o que construímos, até hoje, bem como o que guardámos do que os nossos antepassados construíram, só terá a sua verdadeira utilidade como alicerce de novos e mais ousados projectos e empresas que nos (e)levem mais perto da nossa verdadeira dimensão,
Uma nova e arrojada colaboração, em língua e alfabeto diferentes, trás uma pitada de novidade ao DP 7115, com a colaboração da Associação Tégua, que estabeleceu as pontes necessárias, sobretudo as linguísticas, é possível fazer chegar às suas mãos um texto que, partindo do princípio que está a ler este, muito provavelmente não entenderá. É a primeira colaboração de muitas que esperamos poder vir a realizar, fazendo do DP um instrumento de inclusão e integração para aqueles que procuraram a nossa região para viver.
Neste DP, poderá ainda ler uma carta ao Director, enviada por um "ouvinte" deste jornal, que publicamos para que não faltem aos leitores os elementos necessários para as suas próprias conclusões, mas certos de que pouco acrescenta à notícia e que em nada desmente o seu conteúdo.
T.F.

FONTE -
http://www.odistritodeportalegre.com/

Carta ao Director de Ribeirinho Leal

Portalegre, 08 de Junho de 2009

Carta ao Director de "O Distrito de Portalegre"

Alguém me disse, por telefone, que no semanário "O Distrito de Portalegre", de 04 de Junho de 2009, vinha uma notícia alusiva ao lançamento da 2.ª Edição do livro "Motivos Alentejanos", que teve lugar no passado dia 30 de Maio, em Portalegre.
Quanto ao conteúdo da notícia, passo a explicar como tudo se passou, para que a verdade seja reposta, nomeadamente quanto as diversas transcrições do escritor Capela e Silva, que quis destacar na 1.ª Edição do livro, dedicando-lhe uma pequena bibliografia, em que homenageava o Escritor e também o Amigo, não somente meu mas também e sobretudo, do Sr. Capitão Carpinteiro, através de quem o tinha conhecido.
Essa bibliografia perdeu-se e o livro chegou-me às mãos sem ela, o que foi pena.
Entretanto, nos anos oitenta do Século XX, conheci em Alter do Chão, onde leccionava, julgo que no Ciclo Preparatório, um neto do Escritor Capela e Silva - Dr. José Luís Salvado Capela e Silva, a quem ofereci os "Motivos Alentejanos", que me os agradeceu e que, inclusivamente, mais tarde me obsequiou com um outro livro, "Memórias Alentejanas", que eu não conhecia, por ele autografado em Junho de 1987, e da autoria de seu Avô. Segue, em anexo, cópia da referida dedicatória.
Os "Motivos Alentejanos" esgotaram-se há muito e as Edições Colibri propuseram-me reedita-lo, pelo que peguei no único exemplar que tinha, fotocopiei-o e enviei-o para Lisboa, para o Dr. Fernando Mão de Ferro.
Dias antes do lançamento da 2.ª Edição, o Apresentador do livro, Dr. José Manuel da Costa Coelho, reencaminhou-me um mail assinado por um tal "Jorge Sampaio", em que estava o endereço de um blogue que dizia que eu tinha plagiado o livro "Ganharias".
De "O Distrito de Portalegre", ligou-me, a 27 ou 28 de Maio, uma senhora a dar-me conta desse texto do blogue e a perguntar-me se era verdade.
Respondi-lhe que, de facto, há no meu livro muitas citações de Capela e Silva, bem como poemas de António Sardinha e do Conde de Monsaraz e ao menos uma citação de D. Maria Transmontano, por exemplo.
No momento do lançamento do livro, tive o cuidado de ir direito ao Capítulo "Os Ratinhos", que estava em foco no tal blogue; e vi que, realmente, as aspas estavam mal colocadas.
Quando da minha intervenção, tive o cuidado de informar os presentes de que as aspas existentes mais ou menos a meio da página 56, deviam passar para o princípio da página 55.
E tanto no lançamento, como antes e depois do mesmo, sempre falei nos Escritores de quem me servi para melhor compor o texto.
Não sei se haverá mais alguma gralha, má colocação de aspas ou outra qualquer omissão, porque parti do princípio de que a 2.ª Edição estaria correcta, uma vez que, durante vinte e sete anos, nunca houve nenhum reparo.
Com esta carta dou por encerrado o assunto.
João Ribeirinho Leal

FONTE -
http://www.odistritodeportalegre.com/

domingo

Ribeirinho Leal copia José da Silva Picão

O livro “Através dos Campos” também é copiado para Achegas para a Monografia de CABEÇO DE VIDE e Motivos Alentejanos.
Com indicação da fonte, a maior parte das vezes nem isso, José da Silva Picão sofre os mesmo tratos de polé que José Alves Capela e Silva!

quarta-feira

Notícia de João Trindade sobre Ribeirinho Leal

Livro de João Ribeirinho Leal - "Motivos Alentejanos", memórias do passado, costumes e tradições
Foi, sem dúvida, um acontecimento interessante, e mais uma aposta das Edições Colibri e do seu director Fernando Mão de Ferro no preservar de costumes e tradições da nossa região. Esta apresentação teve momentos porventura inéditos, a surpreenderem, e pela positiva, o auditório. De facto, Manuel Coelho, autor do "Prefácio", apareceu a falar da plateia superior do Centro de Congressos, numa actuação tipo rábula, mesclada de cena teatral, revelando dados do livro, os costumes do Alentejo, as pessoas presentes na Mesa de Honra. Citou ainda os poetas que generosamente vieram de longe e de perto, associando-se com a sua sabedoria a este evento. Assim, "Motivos Alentejanos" mereceu de Ribeirinho Leal apenas breves referências, e o sentimento de gratidão à Editora, Câmara de Portalegre e público amigo que estava presente.
Para o autor, "o mais importante foi ter ido buscar às memórias do passado figuras e costumes desta cidade e da região". Entre outros, nele se pode encontrar quem foi Costa Pinto, o Ti Camilo, as sementeiras, as mondas, a debulha, o pastor, o artesanato, o Rancho Folclórico, a estalagem, as tabernas, o oleiro, o sapateiro, o barbeiro, os aguadeiros, o ferrador e a Poesia Popular. Na capa da publicação está o Chico da Mesquita, antigo lavrador sempre vestido à maneira, ou seja à Alentejano.
Poetas com alma e sentimentoA primeira surpresa da tarde surgiu com a presença dos poetas António Valério (Urra); Manuel Carvalhal; Silvais (Évora); António José Casqueiro (Sousel); José Luís Santos Estorrado (Évora); Raimundo Emídio Afonso (Beja); e Maria Tavares Transmontano. Foram momentos dedicados à poesia e até ao canto típico do Alentejo, intercalados com alusões ao autor do livro ou a outras pessoas que estiveram presentes.
Na Mesa de Honra estiveram Mata Cáceres, presidente da autarquia portalegrense; Manuel Patrício, ex Reitor da Universidade de Évora; Fernando Mão de Ferro, das Edições Colibri; e o autor Ribeirinho Leal.
Como marca genuína do Alentejo, alguns dos poetas vinham vestidos a rigor e nem faltaram o tarro, a vara, o chapéu e até a bolsa da merenda: o alforge. Viu-se claramente que as suas poesias eram ditas com alma e também com sentimento pela amizade que os liga ao autor desta obra. Aliás, Ribeirinho Leal explicou os motivos desta aposta: "recordar figuras e factos bem típicos desta região".
O autor agradeceu a disponibilidade da foto para a capa do livro, esclarecendo que nesta obra há algumas citações de textos de outras pessoas devidamente assinalados. Já no final revelou que não esperava tanta gente à sua volta sem distinção de religiões ou da política. Fundamental terá sido o elo de ligação do seu programa na Rádio Portalegre com Ana Telo, também presente, aos ouvintes. Chambel Tomé representou a Direcção da Rádio.
Momentos empolgantes
A representação do município local integrou Mata Cáceres, o vice-presidente Fernando Biscainho, e as vereadoras Helena Nabais e Ana Manteiga.
O presidente da edilidade destacou, nesta apresentação do livro, os poetas, a encenação do docente José Manuel Coelho e a surpresa do público pelo desenrolar dos acontecimentos, de facto inéditos em iniciativas desta índole.
Foi tempo de Fernando Mão de Ferro, moderador da apresentação, tecer elogios aos conteúdos do livro. "Foi das melhores apresentações do Distrito, e com a mais valia da presença dos Poetas Populares, que são do Alentejo e como dizia o grande escritor Agostinho da Silva, era do Mundo Rural que vinha a nossa cultura".
Mata Cáceres começou por dizer que "tinha vivido momentos importantes no Centro de Congressos, mas com este livro, foi empolgante, com Poetas Populares e o Mundo Rural. Foram momentos enriquecedores ficando demonstrado o apreço que as pessoas têm por Ribeirinho Leal, também muito conhecido pelos seus programas com Ana Telo na RP". Chamando a atenção para a "sala cheia", o autarca felicitou o autor dos "Motivos Alentejanos", sublinhando que a cultura em Portalegre "não está cingida a um só grupo de pessoas".
Terminada a apresentação, seguiu-se uma sessão de autógrafos.
"Motivos Alentejanos" é mais um livro para a colecção de João Ribeirinho Leal, imensamente satisfeito em dia para recordar.

Textos: João Trindade

FONTE
http://www.jornalfontenova.com/main.asp?pag=noticia.asp&artigo=21&menu=2&cod_menu=203&ss=1659

terça-feira

Neto de Capela e Silva PROVA Plágio!

Clique na imagem para ampliar e ler.
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Àcerca do livro "Motivos Alentejanos"
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Quando Marcei Duchamp, em 1919, desenha um bigode e uma barbicha na Gioconda de Leonardo da Vinci, está a servirse de um dos maiores ícones da arte ocidental para um acto de criatividade. Sim! Criatividade! Poia até aí ninguém se tinha lembrado, pelo menos publicamente, de tais postiços nessa enigmática figura. Goste-se ou não, uma coisa é certa, não passou despercebido. Mas essa era certamente a sua intenção: não passar despercebido e, acima de tudo, provocar. Mostrou, mostrou-se e não escondeu. Ademais, escancarou as portas para uma reflexão sobre os limites do que é ou não é uma obra de arte.

Mas vem tudo isto a que propósito? Perguntarão os leitores. Pois bem, permitam-me que conte uma breve história.

Foi pelo ano de 1986, penso eu, que ao passear pela Baixa Lisboeta vi num escaparate de uma livraria uma obra intitulada Motivos Alentejanos. O nome do autor era-me completamente estranho, mas o gosto pelos temas alentejanos levou-me à sua aquisição. Ao folheá-la, para uma leitura rápida de primeiras impressões, deparei-me com qualquer coisa que já conhecia. Chegado a casa deitei mão ao livro Ganharias e, espanto meu, lá estava... E o espanto aumentava quando, procurando com mais cuidado, ia encontrando mais semelhanças. Tinha então em mãos uma obra que reproduzia passagens de uma outra publicada em 1939 e escrita por meu avô, José Alves Capela e Silva. Procurei se o autor lhe fazia qualquer referência: numa nota de rodapé, numa qualquer bibliografia, num prefácio, fosse onde fosse. Nada. Conclusão: o nome tinha sido escondido, deliberadamente ignorado.

Podia ter denunciado o caso nessa altura. Não o fiz. Sinceramente hoje já não sei bem porquê. Calmamente todo o incómodo que essa situação me tinha causado foi-se desvanecendo. Deixei o livro Motivos Alentejanos na prateleira e, ironiadas ironias, em boa companhia; Ganharias, A Linguagem Rústica no Concelho de Elvas, Memórias Alentejanas, todos de J. A. Capela e Silva; Através dos Campos, de José da Silva Picão e tantos outros de Eurico Gama, António Tomás Pires, Domingos Lavadinho, Alexandre de Carvalho Costa, etc. Nomes e obras incontornáveis para quem se dedica aos estudos e investigações sobre o Alto Alentejo. Estavam as emoções já quase arrefecidas quando, em Nisa, numa tarde qualquer, venho a travar conhecimento com o autor da referida obra. Recordo-me bem que depois do primeiro cumprimento me disse, de forma fácil e rápida, o seguinte: Conheço bem a obra do seu avô e aprecio-a bastante. Aquelas palavras soaram-me mal. E procurei rapidamente uma forma simpática, o que se afigurava difícil, de me afastar dali. Podia ter esclarecido toda a embrulhada naquele momento? Talvez. Mas o ânimo fervia... Que descaramento!

Passaram-se, desde então, vinte e três anos. Há dias, quando foi dada publicidade à reedição da obra de Ribeirinho Leal disse a mim mesmo: chega, duas vezes é demais. Mas esperei até ter em mãos a segunda edição. E, permitam-me a expressão, foi pior a emenda que o soneto. Depois de comparar a edição agora dada à estampa com a primitiva, verifico que há uma referenda a Capela e Silva e outra a Capelo e Silva (sic) (página 36 e página 56 respectivamente). Na verdade é uma alteração relativamente à edição de 1982, mas que na substância não altera o que se desejaria ver esclarecido e a limpo. Porquê? Porque Ribeirinho Leal afirma (página 36) como nos descreve Capela e Silva e não é desse modo que Capela e Silva descreveo fabrico do queijo (ver Ganharias, páginas 120 a 122 ). Se a descrição citada pretendia traduzir o que está na obra Ganharias, e apenas isso, então não se alterava o tempo dos verbos, a pontuação, o vocabulário, a grafia e o itálico. Na segunda referência, onde diz pora citar novamente Capelo e Silva (sic) o caso parece-me mais grave. O que está a citar? Uma frase, duas, três, quantas? O método é o mesmo: muda-se o tempo dos verbos, tiram-se palavras e colocam-se outras, e chama-se a isto citar.

Escrevia já eu estas linhas quando, na imprensa local, foram feitas algumas referências ao lançamento da obra de Ribeirinho Leal, no dia 3 de Junho no semanário Alto Alentejo e no dia 4 no semanário Distrito de Portalegre. Do primeiro transcrevo uma passagem que me parece curiosa, quando o autor diz, a respeito do seu livro, o seguinte; Fi-lo o partir de conhecimentos da realidade da nossa província, do contacto com pessoas que viveram o Alentejo de outros tempos e através dos escritos que nos foram legados, como os do Conde de Monsaraz, de António Sardinha, de Maria Transmontano e de José Alves Capela e Silva. Afinal, algo de bem diferente daquilo que consta no prólogo da obra (quer em 1982, quer em 2009). Acto de arrependimento? Compare-se e tirem-se as conclusões.

Mas foi no semanário Distrito de Portalegre que encontrei aquilo que, não fosse o caso de estarmos perante algo melindroso, me faria rir. Ainda bem que esperei! Desde já desejo que fique bem claro o seguinte: não me revejo nos textos, quer anónimos ou não, que têm aparecido em diversos blogues a respeito deste assunto (há mesmo um texto que refere Marcei Duchamp, como aqui eu o fiz no começo, o que poderia levar a pensar ser eu o seu autor), como se pode constatar escolhi outro meio; como também não alinho no coro das vozes que dizem que a obra de Ribeirinho Leal é plágio de uma outra (há passagens que são realmente plágio, mas não toda a obra).
No artigo do semanário acima referido é dito o seguinte: confrontado com as acusações do blog, o autor afirmou que "em todas as passagens retiradas do livro Ganharias" teve sempre a "preocupação" de colocar "aspas" e que em todas as passagens citadas o autor é referido, e que só por falha tipográfica, na primeira edição, o autor, Capela e Silva, não apareceu citado na bibliografia final, facto que está corrigido nesta segunda edição. Agora é que não percebo bem, entrámos no domínio do misterioso e do parapsicológico? Bibliografia? Onde está? Na primeira edição, pelos vistos foi por falha tipográfica (sic) o nome de Capela e Silva não ter aparecido ao lado dos outros que, curiosamente também lá não estão! Francamente! O livro não tem qualquer bibliografia! Melhor ainda, o facto foi corrigido nesta segunda edição. O mistério engrossa... desapareceu a tal bibliografia... e o livro continuasem tal complemento. Mas que se pretende com tal tipo de afirmações? Querem-nos tomar por mentecaptos? Mas há mais. Diz Ribeirinho Leal que teve sempre a "preocupação" de colocar "aspas" quando, pelos vistos, fizesse qualquer citação. Isto é falso: como é que se explica que apareçam frases na obra Motivos Alentejanos que são transcrições das Ganharias, sem quaisquer aspas?
Exemplos: conferir páginas 55 e 56 da 1ª edição e página 43 da 2ª edição dos Motivos Alentejanos com a página 48 das Ganharias; conferir página 57 da 1ª edição e página 44 da 1ª edição com a página 85 das Ganharias; conferir páginas 69 e 70 da 1ª edição e página 55 da 2ª edição com as páginas 169, 170, 174 e 175 das Ganharias. Em suma, para todos estes casos não sobraram aspas.
Depois há os casos com aspas sem a indicação do autor: conferir páginas 47 e 48 da 1ª edição e páginas 35 e 36 da 2ª edição (aqui já com a indicação do nome de Capela e Silva, como referido anteriormente) com as páginas 120 a 122 das Ganharias; conferir página 66 da 1ª edição e páginas 52 e 53 da 2ª edição com as páginas 133, 134 e 139 das Ganharias; conferir página 67 da 1ª edição e páginas 53 e 54 da 2ª edição com as páginas 143 e 149 das Ganharias; conferir página 70 da 1ª edição e página 56 da 2ª edição (também aqui já com a indicação do nome de Capelo e Silva (sic), como referido anteriormente) com as páginas 187 e 192 das Ganharias; conferir página 74 da 1ª edição e páginas 59 e 60 da 2ª edição com as páginas 223 a 225 das Ganharias (aqui até se troca um vocábulo usado por Capela e Silva, rolheiro, por outro, rilheiro).
Apenas me referi a factos sem querer entrar em especulações fáceis, que as podia fazer relativamente a outras passagens mas, como diz o lugar comum, os factos falam por si.

Do atrás exposto ficamos com a sensação que não houve qualquer critério para, supostamente, citar um autor e uma obra. Ou será que colocar aspas a torto e a direito dá qualquer garantia e é critério suficiente para salvaguardar a seriedade e sinceridade de quem escreve? Se, por exemplo, Ribeirinho Leal cita e identifica uma autora e a obra (ver página 53 da 1ª edição e página 41 da 2ª edição dos Motivos Alentejanos), porque razão não fez o mesmo com a obra e o nome de Capelae Silva? Se as aspas, só por si chegam, quem está Ribeirinho Leal a citar nas páginas 96 e 97 da 1ª edição e nas páginas 79 e 80 da sua obra? Outra vítima das falhas tipográficas?
Se tivesse existido um critério cuidado, atento e assente em princípios minimamente académicos, não se chegaria ao ponto de fazer uma citação (?) como aquela que ocorre na página 101 da 1ª edição dos Motivos Alentejanos (página 83 da 2ª edição) onde se refere uma obra de Carlos Bento da Maia, Tratado de Cozinha e Sopa que, na verdade, se intitula Tratado de Cozinha e Copa, publicada nos princípios do século vinte e com outras edições bem mais próximas de nós. Curiosamente, esta imprecisão também aparece numa outra obra de Ribeirinho Leal, Achegas para a Monografia de Cabeço de Vide (2ª edição, página 125), onde o autor faz a mesmíssima citação (?).

Depois disto não se pense que é minha intenção (nem dos outros descendentes de José Alves Capela e Silva: o meu pai, a minha tia, o meu irmão e os meus primos) mover qualquer processo à pessoa do senhor João Ribeirinho Leal. Não se pretende qualquer ganho ou benefício. Apenas desejo (desejamos) um pedido público de desculpas por parte de quem usou algo que não lhe pertencia: tal como Duchamp, mostrou e mostrou-se ... mas neste caso, escondeu.

No entanto, e no meio desta trapalhada, tenho que agradecer ao senhor Ribeirinho Leal a oportunidade que proporcionou, se bem que não pelos melhores motivos, ao evitar que, para já - e peço emprestadas algumas palavras do Prólogo do livro Motivos Alentejanos - o tempo, no seu radar incessante e por vezes louco, não se encarregasse de (...) sepultar no Mausoléu do Esquecimento a obra e o nome de José Alves Capela e Silva. Aliás, penso que uma segunda edição das Ganharias seria oportuna. Vamos pensar, eu e os outros Capela e Silva, nessa possibilidade.
Para mim, chega de plágio e ex-citações.
José Luís Salvado Capela e Silva
Nisa, 6 de Junho
FONTE: Alto Alentejo

Ribeirinho Leal ASSUME o Plágio!

Clique nas imagens para ampliar e ler.
Ex.mo Senhor Director de " O Alto Alentejo"

Muito obrigado pela sua amabilidade em me dar conhecimento de uma "Carta ao Director", enviada pelo Dr. José Luís Salvado Capela e Silva e alusiva ao lançamento da 2° edição do livro "Motivos Alentejanos", que teve lugar no passado dia 30 de Maio, em Portalegre.
Passo então a explicar:
Em 1981, após ter publicado a Monografia de Cabeço de Vide, pensei alargar o tema do Alentejo a toda a província e, assim, surgiram os "Motivos Alentejanos", ai por Março ou Abril de 1982.
Na elaboração da 1ª edição transcrevi poemas de António Sardinha e do Condede Monsaraz e um excerto da Monografia das Carreiras, da autoria de D. Maria Tavares Transmontano que, anos antes, ma havia oferecido.
Entretanto, o meu amigo José Picão Tello, Jornalista e Escritor Elvense, ofereceu-se para, anónima e gratuitamente, colaborar comigo na feitura de alguns textos sobre factos mais remotos, que me enviou, por correio e manuscritos, e que eu passei à máquina para enviar à Tipografia.
Estes textos traziam partes entre aspas, que eram citações do livro "Ganharias", que eu não possuía, da autoria do também meu amigo José Alves Capela e Silva.
José Alves Capela e Silva era Regente Agrícola, mas tinha-se dedicado à lavoura. Numa fase da sua vida, porque as searas não davam e os gados pouco rendiam, porque era homem honrado e tinha despesas que a agricultura não cobria, procurou o Sr. Capitão Manuel Rodrigues Carpinteiro, de quem era amigo, para que este, com a muita influência que tinha, lhe arranjasse um emprego. O Sr. Capitão Carpinteiro conseguiu coloca-lo na Colónia de Vila Fernando, onde, segundo creio, se veio a aposentar.
Ora, para destacar Capela e Silva, adicionei ao livro uma pequena bibliografia, em que homenageava o Escritor e também o Amigo, não semente meu mas, também e sobretudo, do Sr. Capitão Carpinteiro.
Essa bibliografia perdeu-se e o livro chegou-me às mãos sem ela, o que foi pena.
Entretanto, nos anos oitenta do Século XX, conheci em Alter do Chão, onde leccionava, no Ciclo Preparatório ou no Colégio, um neto do Escritor Capela e Silva - Dr. José Luís Salvado Capela e Silva - a quem ofereci os "MotivosAlentejanos", que mos agradeceu e que, inclusivamente, mais tarde, me obsequiou com um outro livro, "Memórias Alentejanas", que eu não conhecia, por ele autografado em Junho de 1987, e da autoria de seu Avô. Segue, em anexo, a cópia digitalizada da referida dedicatória.
Os "Motivos Alentejanos" esgotaram-se há muito e as Edições Colibri propuseram-se reeditá-lo. Peguei no único exemplar que tinha, fotocopiei-o e enviei-o para Lisboa, para o Dr. Fernando Mão de Ferro.
Ao ver as provas, andei à procura das aspas e tive o cuidado de escrever à frente daquelas de que me apercebi, que eram citações de Capela e Silva, conforme os manuscritos que recebera nos anos oitenta, do Sr. José Picão Tello.
Dias antes do lançamento da 2" edição, o Apresentador do livro, Dr. José Manuel da Costa Coelho, reencaminhou-me um mail, assinado por um tal "Jorge Sampaio", em que estava o endereço de um blogue que dizia que eu tinha plagiado o livro "Ganharias".
No momento do lançamento do livro, tive o cuidado de ir direito ao Capitulo "Os Ratinhos", que estava em foco no tal blogue, e vi que as aspas estavam colocadas no mesmo sitio da 1ª edição, no local onde o Sr. José Picão Tello as colocara e que eu transcrevera, e não no local do original de Capela e Silva, publicado no blogue.
Quando da minha intervenção, tive o cuidado de informar os presentes de que as aspas existentes mais ou menos a meio da página 56, deviam passar para o princípio da página 55.
E tanto no lançamento, como antes e depois do mesmo, sempre falei nos Escritores de quem me servi para melhor compor o texto.
Não sei se haverá mais alguma gralha, má colocação de aspas ou outras quaisquer omissões, porque parti do princípio de que a 1ª edição estaria correcta, uma vez que, durante vinte e sete anos, nunca houve nenhum reparo.
Mas com a humildade que sempre tive, apresso-me a pedir publicamente as desculpas solicitadas, não só pelas falhas, erros e omissões nas transcrições do Escritor Capela e Silva, mas também porquais quer outras que venham a surgir e que até agora passaram despercebidas.
Com esta carta dou por encerrado o assunto.

Portalegre, 08 de Junho de 2009
João Ribeirinho Leal
FONTE: Alto Alentejo

quinta-feira

Ribeirinho Leal, MENTE!

FONTE: O Distrito de Portalegre
«Confrontado com as acusações do blog, o autor afirmou que “em todas as passagens retiradas do livro Ganharias” teve sempre a “preocupação” de colocar “aspas” e que em todas as passagens citadas o autor é referido, e que só por falha tipográfica, na primeira edição, o autor, Capela e Silva, não apareceu citado na bibliografia final»
FONTE: O Distrito de Portalegre

Ribeirinho Leal, mente!
É verdade que há parágrafos tirados ipsis verbis do livro «Ganharias – Costumes Alentejanos» que têm no início parêntesis.
Mas em nenhuma parte do livro há a referência de onde tal parágrafo foi tirado, aliás, ao ler-se, o que surge despropositado são os próprios parêntesis.
Em períodos soltos, não aparece qualquer parêntesis a marcá-los.
Em todo o livro «Motivos Alentejanos» nunca aparece o nome de José Alves Capela e Silva ou a ligação a «Ganharias – Costumes Alentejanos».

Também no livro não é referido qualquer outro Autor, e aqui podia-se também citar José da Silva Picão e o seu notável livro «Através dos Campos. Usos e Costumes agrícolo-alentejanos» (1903 vol. 1 e 1905 vol. 2) [1937, 2.ª ed.], facto importante, que até há data não foi referido!

O livro “Motivos Alentejanos” não tem bibliografia.
Ribeirinho Leal justifica a falta da bibliografia por erro da tipografia.
Mas não seria possível o livro trazer uma errata onde estivesse a bibliografia?
Desde 1982, data da saída do livro em Edição do Autor, até hoje, Ribeirinho Leal teve oportunidade de publicamente desfazer o erro da tipografia.
Porque não o fez?

O Plágio de Ribeirinho Leal na Imprensa de Portalegre

6 www.odistritodeportalegre.com

PORTALEGRE CIDADE

Apresentação de “Motivos Alentejanos”

Plágio ou citação?

Quando foi anunciada a apresentação da segunda edição “Motivos Alentejanos”, sucederam-se as acusações de que este livro enfermava de Plágio.
Segundo quem acusava “Motivos Alentejanos” revelava a semelhanças a mais com um livro de José Alves Capela e Silva, impresso pela Baroeth, em Lisboa, no ano de 1939. As acusações surgiram sob a capa do anonimato que os Blogs emprestam aos piores e aos melhores motivos.
Com citações completas de um e de outro livro, nesses blogs repetiam-se as acusações de que o segundo livro mais não era que um resumo ou uma paráfrase do primeiro. Tudo começou no
http://portalegrecidadedoaltoalentejo.blogspot.com/
mas as acusações não se ficaram por aí, foi criado um blog dedicado a este tema
http://emportalegreplagio.blogspot.com/
exclusivamente vocacionado para desmascarar o que, no entender do(s) administrador(es) deste blog, é um caso de Plágio.
Num estilo a que a cidade já se habituou, as acusações, quase sempre num tom ofensivo, e a raiar de muito perto a difamação e a calúnia, nos casos em que não os ultrapassa claramente, comparam a par e passo os dois textos.
A ser verdade o que é transcrito para o blog, de facto, as semelhanças são flagrantes, tanto que o DP foi procurar saber mais sobre este assunto e entrou em contacto com Ribeirinho Leal.
Confrontado com as acusações do blog, o autor afirmou que “em todas as passagens retiradas do livro Ganharias” teve sempre a “preocupação” de colocar “aspas” e que em todas as passagens citadas o autor é referido, e que só por falha tipográfica, na primeira edição, o autor, Capela e Silva, não apareceu citado na bibliografia final, facto que está corrigido nesta segunda edição.
O DP tentou entrar também em contacto com descendentes de Capelo e Silva, mas sem sucesso.
Até ao momento não temos conhecimento de nenhum processo.

Ribeirinho Leal, um homem interessado na ruralidade do Alentejo
Plágio ou não, ou até por causa da polémica gerada em torno desta reedição, o auditório do centro de congressos da Câmara Municipal de Portalegre encheu-se para ver a apresentação da segunda edição de “Motivos Alentejanos”, no Sábado passado.
A apresentação esteve a cargo de José Manuel Coelho, professor Titular da Escola Secundária de São Lourenço, sem que este tema tivesse sido abordado. Este é um título que retrata, por um lado, o mundo rural do Alentejo e, por outro, as tradições que marcavam e que ainda marcam a região.
Também nesta obra é visível a presença de algumas passagens de autores que marcaram e marcam a vida do distrito de Portalegre.
A sessão de lançamento de “Motivos Alentejanos” foi composta por duas partes distintas: uma dedicada a recitações de poesia, por parte de poetas naturais dos três distritos do Alentejo; a segunda parte foi dedicada à apresentação do livro de Ribeirinho Leal, que já conta com duas edições publicadas.

FONTE: O Distrito de Portalegre

quarta-feira

"A Rabeca" e Capela e Silva

O extinto semanário de Portalegre, Democrático e Republicano, “A Rabeca” teve uma coluna na primeira página que se intitulava ‘Arquivo’.
Situava-se no lado direito da página, e reproduzia excertos de livros, discursos, e outros, de Gente importante da Política e da Cultura.
Nesse grupo de gente d’algo, figurou José Alves Capela e Silva.
Apenas fazemos referência a dois momentos:

30 de Maio de 1956, excerto do capítulo da sua Obra «Ganharias – Costumes Alentejanos»
OS VINHEIROS.

11 de Agosto de 1956, excerto do capítulo da sua Obra «Ganharias – Costumes Alentejanos»
OS RATINHOS.

Capela e Silva foi um Intelectual respeitado.
E «Ganharias – Costumes Alentejanos» uma Obra de Referência para o Alentejo.

sábado

Notícia de João Trindade sobre Ribeirinho Leal

João Ribeirinho Leal lança o livro

João Ribeirinho Leal tem mais um livro para enriquecer a sua colecção de publicações, intitulado "Motivos Alentejanos". O lançamento está agendado para o dia de hoje, às 17 horas, no Centro de Congressos da Câmara Municipal de Portalegre. A obra será apresentada pelo docente José Manuel Coelho e, mais uma vez, as Edições Colibri e o seu director Fernando Mão de Ferro, dão um contributo válido a esta Região.
O livro tem como fonte inspiradora "O Chico da Mesquita", figura típica do passado nesta cidade. Vestia calça justa e jaqueta, usava relógio de bolso, e chapéu à Alentejano. João Ribeirinho Leal é autor dos livros: Monografia de Cabeço de Vide (duas edições); Motivos Alentejanos; Livro do IV Centenário do Seminário de Portalegre; Poemas Sem Métrica (três edições); Histórias do Arco da Velha (quatro edições); Cónego Doutor Geraldes Freire (entre o Altar e a Cátedra), separata da Revista Humanitas, Universidade de Coimbra; Deus, o Homem e a Vida; Anexins de Cabeço de Vide (duas edições); Figuras e Factos da Terrugem (cinco edições); O Monte Alentejano nos Alvores do Século XX; Apelidos Curiosos do Nordeste Alentejano; Capitão Carpinteiro - biografia de um Monárquico; Revista Jubileu (em co-autoria).
Foi chefe de redacção do semanário diocesano "O Distrito de Portalegre", desde 1992 até 1995; é comentador residente da Rádio Portalegre; ex-colaborador do semanário "O Distrito de Portalegre" e colaborador eventual do bissemanário "Fonte Nova" e do semanário "Alto Alentejo".

Textos: João Trindade

sexta-feira

O Plágio de Ribeirinho Leal


Ribeirinho Leal plagiou o livro de Capela e Silva «Ganharias - Costumes Alentejanos», intitulando o resultado do plágio «Motivos Alentejanos».
É fácil desmontar o plágio.
O livro de Ribeirinho Leal não passa de um resumo do livros «Ganharias - Costumes Alentejanos».
A riqueza do livro de Capela e Silva é assassinada nos «Motivos Alentejanos».

Quando o livro de Ribeirinho Leal sai, em edição do autor e em 1982, é de imediato descoberto o plágio.
Gente ilustre de Portalegre denunciou-o junto do pseudo-escritor.
Desde então o livro «Motivos Alentejanos» é difícil de encontrar.
Terá sido tirado do mercado?
É o mais certo.
A Família de Capela e Silva tomou conhecimento dos factos, mas como o livro não se encontrava em lado algum, não pôde agir perante a Justiça.
Não deixa de ser curioso que o subtítulo de Capela e Silva, «Costumes Alentejanos», se "pareça" tanto com «Motivos Alentejanos» o título do plágio de Ribeirinho Leal.

O Plágio de Ribeirinho Leal

Em Defesa da Memória de Capela e Silva
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O PLÁGIO de Ribeirinho Leal
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Lê-se em
http://chaosobral.org/ganharias.htm#ratinhos
OS «RATINHOS»
A planície vinha perdendo pouco a pouco o viço primaveril.
-
Agora na página 69 do livro de Ribeirinho Leal lê-se
Os Ratinhos
À medida que a planície vinha perdendo, pouco a pouco, o seu viço primaveril
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Lê-se em
http://chaosobral.org/ganharias.htm#ratinhos
No dia do acabamento parece que toda a camarada endoidece. Muitos rezam fervorosamente, recolhidamente, foice no braço, chapéu a esconder as mãos postas, separados da despótica campina, com o espírito lá muito longe, nas suas leiras, na sua casinha humilde, na mulher e nos filhos, pensando na alegria simples e boa, vivida no acanhado horizonte da sua aldeia, a enleá-los, a prendê-los, para que não fujam para o enganoso mundo dos fortes, para o mundo das planícies!...
-
Na página 70 do livro de Ribeirinho Leal lê-se:
No dia do «acabamento», era como se todos endoidecessem.
«Muitos rezavam fervorosamente, de foice no braço e chapéu a esconder as mãos postas, com espírito lá longe, na casinha humilde, na mulher e nos filhos.
__
Lê-se em
De lenços bordados ao pescoço, recordação das namoradas, paus ao ombro, de onde pendem as mantas e mais copa, foices e cabaças a tiracolo, lá vão eles agora envoltos em pó da cor do fumo, como aves migratórias outra vez na sua rota!
-
Na página 70 do livro de Ribeirinho Leal lê-se:
De lenços bordados ao pescoço-recordação das saudosas namoradas, pau ao ombro, donde pendiam as mantas e mais «copa», foices e cabaças a tiracolo, eles lá iam, envoltos em pó cor de fumo, quais aves migratórias, outra vez na sua rota».
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Deixa-se aqui um pequeno exemplo do PLÁGIO de Ribeirinho Leal.
__
Pela Defesa da Memória de Capela e Silva!

o Original e a cópia

ORIGINAL
e
CÓPIA

Quem era José Alves Capela e Silva

JOSÉ ALVES CAPELA E SILVA

Um Filho do Chão Sobral

José Alves Capela e Silva
É o primeiro cidadão,
Que também escreveu livros,
E que nasceu no meu Chão,

Nasceu ali À Quintã,
Nos fins do século dezanove,
Na casa da senhora Laura,
Que já não era casa pobre...

Foram pais deste autor,
De uma prosa muito bela,
Maria Alves da Silva,
E José Luís da Capela.

Ele, Regente Agrícola,
Que viera do Goulinho,
Ela, era sobrinha,
Dos Velhos do Colcurinho.

Tirou o curso do pai,
E exerceu no Alentejo;
Dá-lo mais a conhecer,
Era meu grande desejo...

Fez o livro GANHARIAS,
E mais livros importantes,
Todos sobre o Alentejo,
Dos seus tempos já distantes.

E tem no "Museu do Traje"
Outras provas de cultura:
Figuras do Alentejo,
Com a sua assinatura!

Eu não sei se lá por Elvas,
Lhe mantêm a memória;
Eu aqui na sua terra
Registo a sua história!

José Ramiro Moreira, 2006

FONTE - http://chaosobral.org/hlcdomeuchao.htm#josecapela

Índice de «Ganharias - Costumes Alentejanos»

José Alves Capela e Silva

índice

as sementeiras, 7
os corta-ramas, 63
as mondas, 75
ganadeiros, 91
os rompeiros, 109
as mulheres da ceifa, 125
um fogo, 151
os «ratinhos», 163
as toiradas à vara larga, 193
as debulhas, 213
as feiras, 233
os vinheiros, 259
vocabulário, 273

Capítulo 'Os «Ratinhos»' livro de Capela e Silva

OS «RATINHOS»

A planíce vinha perdendo pouco a pouco o viço primaveril. De vida pouco mais resta do que as piscólas nos atalhos e aterceiros a badalar dolentemente os chocalhos e tenindo as guisadas, no último arranco para nova luta. Desaparece por fim, como todos os anos no mez de Maio, tudo o que representa poesia e arte, nessas manifestações de beleza perfumada e garrida, que deleitam os sentidos...

Os pães dos têzos de pouco chão já branqueiam, e nas covádas, os últimos reductos de verdura, fazem menção de travar misteriosas batalhas com o Sol.

No Monte do Carrascal, espécie de capital de um verdadeiro estado, dêsses estados que compõem o mundo da lavoura alentejana, assentou-se que eram precisos cincoenta homens para fazer a ceifa, e, porque os pães estavam chegados, nêsse mesmo dia o lavrador mandou carta ao manageiro, ordenando-lhe que se metêsse ao caminho.

Por êsse tempo já os ratinhos estão apalavrados, e, embora sugeitos à alteração do número, — segundo a grada da seara — ao menor sinal do manageiro, fazem a concentração, e partem.

Há pouco mais de vinte anos era raro vêr-se uma camarada no caminho de ferro. Vinha tudo a pé, formando grupos enormes, que engrossavam no caminho, com os seus carros típicos, e inseparáveis burros para a cópa e algum estropiado. Agora por via de regra, tiram grupo no caminho de ferro, ou alugam camionetas, e na estação do destino, se a lavoura é distante, são esperados pela carraria do lavrador.

Não medearam quatro dias entre a carta do lavrador, e a vinda dos ratinhos.

O velho Monte do Carrascal sentiu mais uma vez a mexida que só se houve quando chegam, e quando abalam os ratinhos, espécie de arraial fugidio, que dá vida aquele solitário aglomerado de casas, e grande centro de lavoura.

Tudo vem ás portas para vêr chegar os ratinhos,

— «Olha aquele velho! Benza-te Deus... aquilo tamem ceifará?... E aquele de chapéu á espanhola!? Parece um cigano?! Para que trarão cá aqueles rapazinhos?... coitadinhos... os molhos são maiores do que eles.»

A população da aldeia famíliarisada desde sempre com os ratinhos, não esconde, apesar disso, a curiosidade de os vêr. Um pouco por serem os anunciadores das colheitas, e principalmente para dar fé da su chegada, a família das povoações e dos Montes sente-se atraída para esses bandos de heróicos trabalhadores das Beiras, e do Pêgo, de indumentárias e costumes característicos que, apesar das investidas de tantos anos, não foi possível misturar com os alentejanos. É que o contacto permanente com a grandeza dos Montes, e das herdades, e da planície imensa, tornou as gentes do sul refratárias às influências exteriores. Vivem e morrem paredes meias com as grandes ucharias, e com as grandes fortunas, e com a grandeza sem igual dos montados e do horisonte. Por isso elas são de alma grande, e orgulhosas.

O ganhão do sul curva-se submisso perante o âmo desmedidamente rico, e não tem nenhuma espécie de admiração pelo charépe. Só a grandeza o domina. Por isso o orgulho que transparece das suas falas e do seu porte altaneiro são o reflexo dêsse sentimento ancestral.

— «Olha lá! Passas-te pela fôlha ? Que tal está?»

— «O triguito não está mau...»

— «Vis-te o gado de lãn?»

— «As badanas... se não lhe acode com pastáge vão-se-lhe abaixo».

— «E os bois?»

— «Os boisitos... lá vão traiteando... agóra ái lá uns que estão estranzilhádos... cumuns cabrões».

Toda essa população aventureira e miserável, que invade a planicie, — em contraste com os seus naturais em geral de temperamento sedentário, — á mingua de recursos nas suas terras, e que se sugeitam às mais baixas missões nas lavouras, são pela ganharias denominados pômbos.

A denominação vem da analogia que encontram entre essa pobre gente, que não aquece o lugar, ou que não pára em parte nenhuma, com os bandos, e garfos de suras, e pombos turcazes, que no tempo da bulêta infestam os montados, e que andam sempre de alevante à fama das soladas.

As gentes do norte são denominadas genericamente galegos, e é a consequência de as julgarem constituídas por sêres inferiores, que se sugeitam aos mais árduos trabalhos, e ás mais humildes situações na vida, próprias de quem tem passado muito.

O ganhão alentejano tem a inveterada tendência de alcunhar e batizar tudo, e não há lavrador nenhum a quem êle não tenha posto um anexim, que substitue, quasi sempre nas suas conversas, o nome próprio. Êsses anexins são sempre diminuitivos, ou depreciativos.

Rato ou ratinho significa para a ganharia, uma coisa inferior, quási desprezível.

— «As searas vão de cabeça abaixo, e quando mal nos precatamos por ai dão chegada os ratos. Estão aqui estão cá os ratos. Já chegaram os ratos. Já cá temos os ratos. As ceifas estão a dar o fim, — ou estão de resto — porque os ratos já pegáram ábalar».

Na giria campezina o termo mais empregado, foi sempre o de ratos. E os ratos são esses sêres inferiores, que vivem do que podem apanhar, ou d’aquilo que lhe deixam.

Alheiados de tudo o que os rodeia, com o pensamento nas leiras, e na família que por lá deixaram, os ratinhos logo que chegam aos Montes iniciam os preparativos para a batalha da ceifa. Descarregam os burros, separam a cópa, tiram o ourêlo enrolado à lamina da foice, examinam por todos os lados os safões o peitoral e as braçadeiras de peles cabrias; outros, sentados no chão, desentrapam os pés arroxeados e sujos, com borrêgas das caminhadas.

O manageiro vai falar ao âmo. Essa audiência faz parte do programa daqueles estados, e, como dá ao manageiro o melhor ensejo de se agarrar ao logar, logo que chega vai cumprir a obrigação. Sabem muito bem levar a água ao seu moinho os manageiros.

Há manageiros que tomam conta de muitas camaradas, isto é, fazem a ceifa a muitas casas de lavoura, coisa muito séria para qualquer ratinho, porque tem de se entender com muitos lavradores.

O manageiro lá está com o lavrador,

— «Sêmos muitos senhor lavrador... a arranjar família... e o que vale... é a Espanha não querer foices das nossas… que as ceifas lá tinham mél. Nunca vocemecê cá apilhou uma malta tão parelha como a d’este ano mas estão muito custosos... só eu e Deus... tômbos que dei para os arranjar! Trágo aí homens que ceifam por dois... assim Nosso Senhor nos salve… e são todos assim».

O lavrador que era filho da aíveca, isto é, tarimbeiro, acostumado a receber ratinhos desde que lhe nasceram os dentes, nem ouvia a cégarréga, tão concentrado estava a pensar na faina da colheita.

— Sim senhor. Está bem. Está muito bem. É então bôa gente... não? Vamos vêr no restolho... Vocêz ás vêzes trazem cada cataplasma?! Vá lá... vá lá com Deus... O cozinheiro já sabe... vou mandar dar-lhe um caspacho. E... como vamos de burros e rapazes?...»

— «Burros... com sua licença... quatro... e... rapazes... trago só sete...»

— «Diz vossemecê sete?!... Então já sei que são pelo menos catorze!

— «Mas são como homens... Não ha de ter que dizer... E as bestinhas... como vocemecê sabe... é para a cópa que não havemos de a trazer ás costas… Não tenha cuidado senhor lavrador... prendem-se... curtos... com que não façam mal...»

O lavrador passava pela fâma de ter muito bôjo, e era verdade... Algumas famas dos lavradores não são verdadeiras, mas o lavrador do Carrascal sabia de facto muito bem calcular as coisas, via longe, e sabia ser prudente, isto é tinha bôjo. Foi essa qualidade que tirou de cima do manageiro uma desanda de rabo à orelha, por ter trazido tantos burros e rapazes.

— «São capazes de tudo estes jesuítas, se me vou a destemperar com eles... temos tempo... deixa que não mas fica perdendo!» disse êle para si.

Com um gesto despediu o homem.

Na cozinha dos ganhões últimam-se os preparativos para dar de comer aos homens. Pouco depois, um grupo com o cozinheiro á frente, trazia com muita cautela, seguros com as duas mãos, oito alguidares quási cheios de água fria, temperada com azeite, alhos pizados, vinagre e sal, que colocam sobre uma grande banca de ganhões, num recanto do Monte. De um saco tiram pão em marrucates de duzentas gramas, feito há quatro dias, que migam em fatias muito delgadas, e vão lançando no caldo. Preparado assim o caspacho ou gaspacho, pega cada um em sua colher — que alguns trazem na fita ou cordão do chapéu — e á voz de vamos lá com Deus, pronunciada pelo manageiro, começa a caspachada.

A refeição decorre quasi sempre em silencio.

O cozinheiro retira os alguidares, e, como quem não quer a coisa, vai estar com o amo para receber ordens.

— «Comem como uns brutos! os almas do diabo... Por aquele andar bem pode vir mantimento! Só de pão abalaram vinte quilos... vinagre uns dois litros… e azeite... andou por meio quartilho ...»

— «Quando fizeste essa amassadura?»

— «No dia que foi a carta.»

— «Quatro dias... já deve estar bom... Tens que tratar de outra... Pão mole para essa gente é mau governo...»

O dia da chegada passam-no os ratinhos a dormitar, e em preparativos de ceifa, perfeitamente á margem da mexida do Monte, só se preocupando com êles á hora das refeições. Esquecidos, para ali ficam entregues a si próprios, dormindo nas abrigadas, que o tempo vai de calma.

De madrugada aparece o guarda e lá parte a malta dos ratinhos, com os inseparáveis burros, a caminho da ceifa. O guarda e o manageiro, fecham a coluna. Não tarda muito que não comece a ouvir-se uma algaviada em vários tons, desconcertante, tão típica, que mesmo muito longe, é conhecida.

O manageiro no desejo de captar as simpatias do guarda, seu superior hierarquico, quasi patrão, vai-lhe puchando conversa a propósito de tudo, mas os guardas de todos os ratinhos, orgulhosos da sua superioridade, nos primeiros dias tratam-nos com desprêso, e mal os escutam.

— «Oh! senhor guarda: as searinhas não estão más de todo, ao que parece...»

— «Bom isto?... Se vossemecê tivesse ás costas uma seara d’esta força... estava bem amanhado!... Vossemecê sabe lá o que são searas!»

E o manageiro encolhido fica calado. Mais adeante faz nova tentativa.

— «Quando entrei a vir ao alentejo, apareciam aquem além uns salpicos de burgo, e agora parece que essa prága tem carregado mais. Todos esses montados que atravessámos, estão que parecem queimados. Estou em crêr que não engordam um bácoro».

— «Não senhor! Vossemecê d’isso não entende... sempre assim foi desde que aí mundo. Isto é dos calibres dos anos!...»

E o pobre homem acaba por se calar. A malta lá vai adiantada sussurrando alegremente, sem se preocupar com os govêrnos.

Chegam enfim ao corte. Adaptados os safões, as bracadeiras, e o peitoral de peles, ou de lôna, e característico chapéu de palha, de foices na mão os homens aguardam serenos e humildemente as vozes de comando.

Impressiona êsse momento grandioso da vida rústica. Mal se vê ainda, e o suão de Maio, sêco, e môrno já aquela hora, toca ao de leve a seara, fazendo-a ramalhar brandamente, suavemente, como num queixume. Os homens dão alguns passos. Animados e de cabeça erguida, olham em redor a medir com a vista aquela área imensa de seara, e resolutos, aguardam com ansiedade as ordens do govêrno.

Vai começar o tormento de quási dois mêses. Examinam mais uma vez a foice, certificam-se de que a curvatura em hélice não deixará que o bico lavre na terra, endireitam-na um pouco mais, quási afagam as foices como os guerreiros afagam as espadas e esperam.

— «Procurem-lhe a queda! Não viram ainda suão a bater d’aquele lado!? Temos que o trazêr a favôr!»

— «Ande lá, ó senhor guarda, que a bandeira não bate na cara!...»

— «Olha a novidade! Se não dizes outra como essa! Que não bate na cara sei eu, mas o estilo é este... e vocêzes bem o sabem!...»

Rodam um pouco para ficarem de costas ao vento. Os vultos distinguem-se agora melhor com o aclarar da manhã. Estão concentrados. Alguns mexem os beiços em contracções, como que falando sós. Rezam… Entreolham-se comovidos, a procurar conforto uns nos outros.

Os rapazes quebram aquele silencio impressionante.

— «Eh! familia... dátá...da! hoje vai estar um dia dos tais, para vós! Nem raça de marezia!»

O manageiro percorre com a vista a camarada e, de cabeça baixa, avança para o corte, onde alinha também. Momento de silencio. Ouvem-se distintamente os murmúrios da seara, tocada ao de leve pelo viração, e de longe vêm os sons alegres das chocalhadas

.O manageiro olha para o guarda. Fixa novamente os ceifeiros...

— «Vamos lá com Nossa Senhora e que seja em boa hora!» diz por fim em voz alta, para que todos oiçam,

Parece que uma rajada de vento forte agita repentinamente o ar, tal é o som produzido por aqueles quarenta homens no momento de se curvarem, dando a primeira ceifadela.

Durante alguns minutos não se ouve mais nada do que o ruído particular das foices a cortar. Os braços agitam-se continuamente, e as gavélas mal se distinguem antes de pousadas no negalho.

Os da atada correm como doidos, para não se afastarem das foices.

— «Cheguem-lhe mantulho rapazes! Que êle fóge da mão!» grita o guarda num vozeirão que sôa largo.

— «Vão lá dando uma pancada para o lado, e segurem-se com ele!»

— «Vejam esse restolho! Acautelem-se com as espigas!»

As foices já brilham.

Os ratinhos avançam como máquina potente, sem um desfalecimento, e insensíveis ao Sol que os queima.

Começa o martírio da sêde. E os homens pedem em grita a água que chega mórna, e que é ingerida em quantidades inverosímeis, continuamente distribuída pelo aguadeiro.

O trabalho interrompido de meia hora para o almoço, é agora mais violento.

Respira-se mal, e o Sol é insuportável.

— «Oh! ponta esquerda! Então esse rábo fica aí para amostra? Guia-me esse córte!... diabo!»

Cada voz de comando é uma chicotada. Alguns ceifeiros começam a fraquejar. Pedem água. Dobram-se para traz tanto quanto podem, para com essa curvatura diminuírem o sofrimento produzido pela demorada posição de ceifar.

— «Eh! rapazes!... já não sei onde tenho as costas!»

— «Ceifa d’arrecuas... diabo!... para endireitares o macaco!»

O guarda, protegido pelas sombras do montado, lenço debaixo do chapeirão, com as pontas caídas sôbre a nuca, olha para o Sol, e consulta o relógio. São quási horas de jantar.

Manda juntar a copa que ficou onde almoçaram.

Dali a pouco o tardão escarranchado quási na cernelha de uma bêsta velha e coxa — que só serve para os ratos — com as duas azadas nas cangalhas, surge caminhando ao longo do corte para não se perder, para não andar salta-que-salta à procura da família da ceifa.

— «Vá de jantar!» grita o guarda.Os homens soltam imediatamente. Estão extenuados.

O manageiro e o guarda dispõem os alguidares em volta das azadas, ainda com as largas tampas de cortiça, de canudo de cana ao centro, para o comer respirar e, sem outro utensílio, despejando a própria vasilha, distribuem a comida, primeiro o caldo, depois o entulho. Nos dias de carne põem esta sôbre as tampas das azadas, e é servida no fim.

— «O jantarito trás bôa cara... mas a bóia... como vocemecêz cá dizem... ó senhor guarda.’...»

— Não vêz que o âno é ruim.,. diabo!»

— «Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!» diz o manageiro quando a camarada já envolve os alguidares de colheres em riste.

As refeições são sempre acompanhadas de alegres conversas, mas logo que terminam, os homens separam-se, cada um para seu lado, á procura de sombras, ou para empinar molhos, onde não há arvoredo, para passarem a sésta.

É um descanço fugidio, porque a ceifa de ratinhos não é trabalho para entreter. Desde que chegam até ao dia da abalada, sentem cair sobre eles o peso despótico do mundo que os rodeia. É o pão que se está a passar; o gado do acarrêto que não tem pastagem; o agostadouro para os porcos; emfim um sem número de razões, que os chicoteiam a toda-a-hora, para que não fraquegem na luta.

Quando acabam as sementes brancas, e começam com o trigo, o furor da batalha redobra, e então é impressionante ver uma camarada de ratinhos, vestidos de burel, nesses descampados, um dia inteiro debaixo do Sol ardente, exaustos, em ritmo alucinado, a entrar pelos mares de pão, na ancia de acabarem com aquele infindável martírio.

Alguns por cá ficam, outros vão parar ao hospital, e quantos arrasados para toda a vida, não voltam mais!

Pobres ratinhos!

No dia do acabamento parece que toda a camarada endoidece. Muitos rezam fervorosamente, recolhidamente, foice no braço, chapéu a esconder as mãos postas, separados da despótica campina, com o espírito lá muito longe, nas suas leiras, na sua casinha humilde, na mulher e nos filhos, pensando na alegria simples e boa, vivida no acanhado horisonte da sua aldeia, a enleá-los, a prendê-los, para que não fujam para o enganoso mundo dos fortes, para o mundo das planícies!...

— «Eh! rapazes!... olhem que o rabo é o mais custôso de esfolar!...

Cheguem-se a êle, rapazes!... que já faltou mais!»

Os mais novos quando dão a última ceifadela, como que desvairados, agitam a foice no ar, dançam agarrados aos pares, outros sapateiam cantando modas remexidas.

Sempre a exteriorisar alegria, juntam o que lhes pertence, e, espalhados nas mais cómicas atitudes, procedem ali mesmo, à vista de todos, à mudança de roupa.

Chegam ao Monte vestidos de lavado, prontos para a marcha, que nem parecem os mesmos.

O manageiro adianta-se e vai estar com o lavrador,

— «Quere fazer as contas?...»

— «Saiba vossa senhoria que sim».

— «Ha algum desconto a fazer?»

— «Parece-me que não».

— «Então quanto é a sua conta?»

— «Ora... senhor lavrador... a conta está bem de fazer...»

— «Mas, diga la!»

— «Então... cincoenta homens... a trezentos escudos... são quinze contos».

— «Está claro!.,. Cincoenta homens!»

— «Eu falei-lhes por isso... e bem vê, isto não ê de hoje, nem de ontem… senhor lavrador... ha o ponta direita... o ponta esquerda... e eu... e meia duzia de homens que não veem cá atidos ao preço geral...»

— «Está bem homem... está multo bem !... Cincoenta homens… quem tem a culpa não é vossemecê!... Quinze contos! Aqui está. Chame lá dois homens para contarem o dinheiro.»

— «Está certo?»

— «Está.»

«Bem. Vossemecê, para o ano não conta com a minha casa.»

«Sim senhor... senhor lavrador... deve falar a outro... que lhe faça o serviço mais à sua vontade...» disse o manageiro com ar de tristeza.

Despedem-se.

Cá fora, parecendo que receiam a sua fuga, são os três das contas aguardados com ansiedade. Não tiram os olhos da porta do Monte.

Quando, enfim apareceram, todos respiram fundo.

— «Vamos a contas, rapazes... venham d’ai» disse o manageiro em atitude de receio, como se fosse repartir um roubo.

— «Onde está aí o escrevente? Escreve lá: trinta e seis homens a trezentos escudos...»

O escrevente repetiu a frase.

— «Quanto te dá?»

— «Déz contos e oitocentos.»

— «Põe lá.»

— «Agora... ponta direita... e mais o ponta esquerda... quatrocentos a cada um... põe lá mais oitocentos escudos...»

— «Doze rapazes a cem escudos... quanto é?»

— «Um conto e duzentos.»

— «Isso. Deve sêr isso... põe lá.»

— «Em quanto soma a conta?»

— «Doze contos e oitocentos.»

— «Não ha engano ? Vê lá bem!»

— «Está certa.»

— «Bem. Na primeira terra por onde passar-mos troca-se o dinheiro e paga-se.»

A camarada acabadas as contas, espalha-se, grita e barafusta numa algaraviada de feira. A mestrança destaca-se a gesticular. Todas as camaradas têm mestrança. Há ali homens de todos os ofícios que o manageiro apanha na rede das suas habilidades. Discutem a abalada. Uns querem ir d’acavalo no comboio, outros a pé, Vencem estes. A gente nova com crença em baile, rodeia o do harmónio que, de cabeça tombada para o instrumento, marcando compasso à fôrça de esgares e tregeitos, faz roncar o fole, de onde sai um ordinário exquisito, no costumado tom de sol.

— «Ou hoje ou no tal dia que nós sabemos... na véspera da abalada... Oh! parente!» disse entusiasmado, um rapaz já zagalote, de pifaro de sabugueiro na mão.

— «Nem me fales n’isso!... raio! Que se as sarugas e a unha gata me não levassem as cabeças dos dedos...»

— «Eh! gente! Olháide que temos de chegar à aldeia de Santa Eulalia antes do pardejár, pr’amôr das contas!»

— «Estavamos à sua espéra!»

— «Então vá. Vamos lá com Nossa Senhora e mais com o Anjo da Guarda!»

Os braços do tocador n’um gesto sacudido, alargam-se, fazendo estender o fóle já a meter vento, ouvindo-se ao mesmo tempo um ronco fundo, prolongado, uma verdadeira guerra de sons.

Rompe então a moda. A primeira nota confunde-se com os primeiros passos para a caminhada. A camarada delira. De lenços bordados ao pescoço, recordação das namoradas, paus ao ombro, de onde pendem as mantas e mais copa, foices e cabaças a tiracolo, lá vão êles agora envoltos em pó da côr do fumo, como aves migratórias outra vez na sua rota!

Os ratinhos!

Já se não ouvem os acordes do harmónio, mas no ar lá ao longe, lobriga-se ainda uma leve esteira de pó, a esbater-se no fundo amarelado dos restolhos e do verde moribundo dos montados.

José Alves Capela e Silva, ‘GANHARIAS’

Capítulo "Os «Ratinhos»", pg. 163 a 192